há um papel em branco
encaro-o, frente a mim
como um espelho oco
percorro linhas imaginárias
traço palavras andarilhas –
em qual reflexo vão parar?
diante das mil faces
transbordo em mim mesma
entre espasmos de versos fluidos
dá-se uma imagem turva
lentes embaçadas revelam
minha voz no espaço
o poema me reverbera
o outro lado do espelho
está cheio de si mesmo