suave verniz do anoitecer
serpenteando nas janelas
do bairro suburbano docemente
aromas intangíveis vagabundeando
por onde a suave brisa bem entendesse
sempre os cantos melancólicos alados
se confundindo com
gritos, risos & choros
de crianças irriquietas por natureza
rodas & latarias trazendo consigo
os homens
seus cansaços &
secretos desejos
velhos nas velhas praças
o sino da igreja a dar
o ar de sua graça
a voz dos anjos
nos sujos auto-falantes
o trem e seu estrondo
tristeza mecânica abalando
a frágil eternidade dos casebres à
beira da linha
raios náufragos banhando num
amarelo difuso as montanhas
silenciosamente ao longe
o negro rio morto
se esvaindo em óleo & sujeira
mansamente escoltado pelo
cimento & asfalto da descivilização
eu
mais perto do que resta de mim
eu
mais perto do que resta do dia