E, nesses dias de chuva,
quando o sol não surge,
seguimos como corpos frios,
vazios
para mais um dia.
Já não me acho
nos rastros
que deixei pelo caminho.
Encaro uma poça d’água
e o que vejo é vazio.
Cada traço invisível seu
me desenhando nas entranhas.
Não me reconheço.
Uma gota toca meu rosto.
Olho em volta e me percebo vivo.
Descubro-me nos vãos da rotina:
as flores caindo
e tocando o chão
sou eu;
a chuva triste
molhando as coisas
sou eu;
a brisa leve,
o cheiro melancólico das plantas,
do asfalto úmido
sou eu…
A sensação de infinito não se sustenta mais que alguns segundos.
Volto a ser tão só um corpo;
e sigo meu destino.
Gosto desses momentos que não sabemos explicar,
dos pequenos infinitos.
Quando somos quase como deuses.
Maravilhoso, Victória! Sem palavras! Me identifiquei muito com o seu poema, senti cada sensação contida nele!
Muito interessante seu poema, Victoria.