Eu não canto mais.
Eu que já amava as palavras,
me apaixonei pelas letras,
ainda não sei se é a paz.
Eu que olhava tudo de cima,
já não tenho asas funcionais.
Me sinto tão diminuta,
meu forte não é a rima,
e já não canto mais.
Aqui eu me encontrei,
fiz da Letras o meu lar.
Mas me sinto tão pequena,
como um grão de areia vendo o mar.
Minha alegria, minha morte,
tudo isso em um só lugar.
Talvez tenha sido essa minha sorte,
a ambiguidade da morte.
Eu que era natureza,
asas,
árvore,
beleza,
agora sou casca,
exoesqueleto, morte.
Talvez seja essa minha sorte.
na oscilação vida e morte,
eu canto.
Canto alto.
E já não canto mais.