Esse poema começa daqui desse canto
do avesso que te vi
do avesso que te quero
fumando seu cigarro.
Você dirige meia hora
vamos pra qualquer lugar.
(Com você e os seus olhos castanhos doces
as mãos pequenas texturas brandas
em meu paladar
seu dente feroz
o andar sereno
a plenitude sobressaindo:
com você, pra qualquer lugar)
Hei de pensar em você
um pouco sórdida eu
um pouco perdida
um tanto quanto embriagada
Hei de pensar em você
sempre que estiver te olhando
sem saber o que dizer
sempre que estiver te dizendo
sem saber como olhar
E nessa instância
entre a distância de um ser humano
e outro ser humano
estaremos perto
tanto quanto der e tanto quanto
formos capazes de dar.
Hei de pensar em você
Hei de querer te descobrir
e te cobrir com minha falta de jeito
minhas 7, 8 vidas
Talvez poucas
talvez muitas
vezes
na vida.
Você dirige horas sem parar.
O sol escurece
vira noite branda no teu olhar.
Para onde vamos?
Há uma ponte
Há uma ponte
Há uma ponte
que vamos destruir
Não vê?
Há uma ponte sendo
derrubada
quando olho pra você.
Enfim te vejo virando o carro
dobrando a esquina
acenando e cantando pneu
cantando pra mim um breve adeus
E quase não é tarde para que eu pense sem dizer:
te vejo amanhã
te vejo outro dia
te vejo sempre
desde que te vi te verei para sempre.