I
Em Sevilha, caminho pela ponte Isabel II.
Foi jovem rainha, viveu sonho de outros.
No amor e na política se perdeu.
Riu-se a turba tonta, Isabelona
tan frescachona, e ali se ia
don Paquito, seu mariquito.
A ponte Triana leva seu nome
Em pedra e metal seus arcos
circunscrevem o rio Guadalvir.
Lá, amantes passeiam admirados…
A paisagem soberba, os arcos perfeitos.
Sob o céu espelhado conspira-se o destino.
O amor segura-se nos cadeados
A ponte serena balança, agita-se
O vento quer levar pessoas e autos…
Firme e altaneira, a escumalha de ferro
parece resistir à ferrugem e ao tempo.
Resta o desafio perene: vencer a gravidade.
Será essa a promessa do amor?
Quem ali se ata com sangue
Firma-se o pacto num lance?
Haverá jogo no amor que recomeça?
Cadeado partido, sonho infeliz,
Ou fluir de um rio demorado noutro rio?